Alma Nova 10 - Ideologia e Devoção

-Pandora, amazona de bronze de Andrômeda; Isaak, cavaleiro de bronze de Cisne, Okko, cavaleiro de bronze de Dragão; Thouma, cavaleiro de Pegasus; O cavaleiro de bronze de Docrátes; e Jango, o líder dos cavaleiros negros. –Asterion contava os mortos, repetindo as informações que Marin havia o passado, mas de acordo com o despacho enviado do Santuário, faltavam ainda quatro cavaleiros negros e uma amazona de bronze, mas era tudo que eles conseguiram.

Todos os cadáveres estavam ali, estirados. Asterion tinha a certeza completa que todos estavam mortos, pois mesmo que tivessem a habilidade de parar seu metabolismo, Asterion podia ver o mínimo resquício de cosmo em um cadáver. Chegava a ver o fluxo de cosmo de uma pessoa. Era um dos poucos cavaleiros de prata com tal nível de poder. Moses observava a tudo entediado.

Asterion sentia que havia algo errado, o cenário era perfeito demais. Nunca um cenário era perfeito demais. Quase não havia variações com o desmoronamento da montanha, era como se este conservasse as cenas do combate. Mas isso não mudava a história, o grande problema era a amazona em seu grupo, que antes era calada, soturna e misteriosa, e externamente ela continuava assim, mas seus sentimentos e pensamentos estavam mais leves. Era no mínimo suspeito, e o que incomodava também eram os sinos presos nos pulsos, porque os traidores usariam algo para se identificar se seus Modus Operantis era atuar entre os cavaleiros do Santuário.

Até que ele levanta Pandora para analisar mais de perto, o sino cai e algo acontece. Marin vê aquilo e tenta se afastar, pois ela foi a primeira a reparar, só não contava com Moses, que sempre a vigiava, pois ao virar apenas vê o punho enorme do cavaleiro de Baleia, e cai inconsciente, vendo seu mundo vermelho para depois enegrecer, caindo no vazio de sua consciência.

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-FURACÃO DAS TREVAS!!!

Os ventos circulares como um tornado horizontal atacava o rapaz cego, que pulava pela janela para evitar os danos maiores dos ventos. Misty não vestira sua armadura, poderia ser visto pela vizinhança, já que o barulho de uma das paredes sendo estilhaçada iria chamar bastante atenção.

Os discursos paranóicos do Grande Mestre para os cavaleiros do Santuário não eram frutos de uma imensa senilidade, pulavam rebeldes por cada lugar, e eles eram mais bem organizados que os próprios cavaleiros do Santuário, mas se dependesse do “Matador Prateado” seria menos um rebelde para espalhar a anarquia pelo mundo.

Ele passava pelas diversas pétalas e pela destruição que acabara de causar para eliminar aquele traidor de Athena, mas perdera-o de vista. Não seria difícil para ele encontrar o cosmo daquele cego, ele iria enfrentar um deficiente físico, para o cavaleiro de Lagarto era como um adulto espancar um recém-nascido. Ele amaldiçoava os rebeldes por mandarem um cego para ser sua vítima.

Misty sentia que o cosmo dele se afastava, e que alguns vizinhos da loja começavam a olhar pela janela e alguns mais ousados a sair pela porta. O cavaleiro de prata entendia que o seu oponente não estava fugindo, mas sim mudando o local da batalha, para não serem realmente descobertos ou mesmo para não ferir os civis.

-Pelo menos, esses traidores ainda não querem jogar tudo a público. –pensava Misty, após desaparecer em frente aos olhos dos que espiavam de alguma maneira. E só quando o burburinho dos próprios moradores se tornou o barulho predominante, os mais ousados começaram a sair querendo saber o que aconteceu. E um deles tinha uma câmera...

******

-Então, você é o cara que mata criancinhas indefesas. –dizia o jovem de olhar vivido e com dois sinais no meio da testa. –Esperava alguém gigantesco, não alguém com um olhar psicótico, mas olhar psicótico combina com assassino de crianças e deficientes. Daqui vai pra onde? Pra um asilo? Um hospital?

-Presumo que você seja um dos traidores. –O olhar de desprezo de Babel era intensificado para a criança que estava a sua frente, intimamente o cavaleiro de prata agradecia à Athena, por pertencer àquela missão de purificação, ele ainda iria se livrar de um verme que se autodenominavam “Resistência Aioros”, homenageando o maior dos traidores. Para o cavaleiro de prata era uma heresia e uma blasfêmia se orgulhar da pessoa que quase destruiu o mundo que de alguma maneira eles protegem.

-Vou queimar TUDO E TODOS!!! CHAMAS DE BABEL!!! –As chamas de Babel iam em forma espiral, parecendo querer engolir tudo com suas labaredas mortais, consumiria o orfanato e aquela semente de traição. Somente o ar quente já tirava a vida dos lindos jardins que havia em volta da mansão. O calor era mesmo sufocante, geralmente a pessoa morria antes mesmo das chamas as alcançarem.

Mas esse não foi o destino do jovem, muito pelo contrário. As chamas de Babel se extinguiram antes de chegarem ao jovem, antes mesmo que o alcançassem, ou mesmo a mansão, apenas com um brilho dos olhos do jovem a sua frente. Um brilho que aparecia em apenas poucos cavaleiros dotados do dom da paranormalidade, ainda sim seria uma oferenda cada vez melhor.

-O que diabos é você?! –Indagava Babel, desejando saber quem iria enviar ao Tártaro como oferenda.

-Sou Kiki, aprendiz de cavaleiro. Lemuriano de Jamiel. –O jovem se colocava em posição de luta zombeteira e desafiadora, assim como seu olhar se manifestava. Kiki como um combatente se mostrava como um desafio zombeteiro; seu olhar, sua posição, seu título e sua pouca idade.

Novamente, o cavaleiro de prata ataca, mas dessa vez com uma investida flamejante, seu punho era o foco das chamas, mas as próprias chamas se alastravam pelo seu corpo. O lemuriano saia da rota de ataque do cavaleiro de prata, apenas desvanecendo no ar, como se não existisse. Babel sabe muito bem o que paranormais podem fazer, os poucos que surgiam nas fileiras da confrataria eram lendários com os seus feitos.

Um chute atingiu a nuca de Babel. Se não fosse um cavaleiro treinado e estivesse com sua armadura, provavelmente estaria com o pescoço quebrado, ou no mínimo desnorteado; mas nada que Babel não agüentasse com sua armadura de prata. O mesmo pega a perna de seu oponente, e o lança para cima da mansão e instantes depois uma enorme bola de fogo, em seqüência.

Kiki pensa durante um segundo em se teleportar, mas caso fizesse isso as chamas iriam consumir a mansão, que era abrigo de órfãos, e a vida do diretor com olhos gentis que ele sempre esquecia o nome. Se impulsionando com telecinésia ainda mais, para ganhar velocidade, ao se aproximar da parede da mão pisa nela ganhando estabilidade e depois com a mesma telecinésia joga a bola de fogo no chão.

Kiki agradecia por seus dons, porque sem eles não saberia como deter aquele ataque. Era muito complicado para ele cumprir aquelas façanhas, pois seus dons requeriam serenidade e calma, coisa que ele não tinha no meio de uma ação e principalmente depois de um impacto daquele. Teve que primeiro se estabilizar para depois agir novamente, seu mestre dizia que essa era uma grave falha em combates. E agora ele entendia por que.

-Realmente, com esse chute da para ver que você é meramente um aprendiz incompleto mesmo. Vou te ensinar uma coisa. –Babel andava calmamente, se permitia dar um pouco de iluminação aquela criança por saber seu erro. –Uma armadura do zodíaco, tem um cosmo próprio que protege o seu cavaleiro, e o cavaleiro tem o poder de destruição, por isso que não nos preocupamos em desviar dos ataques, ser um cavaleiro é a harmonia plena entre combate e armadura, formando uma única criatura que é chamada de cavaleiro. A menos que seu cosmo supere o da armadura. Você não pode ferir o combatente.

O jovem ruivo sabia, era uma lição básica, quase que óbvia sobre o que é ser um cavaleiro. Kiki ouvia isso desde que nascera de seu mestre, e por não acreditar nele estava agora com o pé com uma luxação que incomodava e quase deixou a mansão ser incinerada. Seu treinamento básico foi para controlar seus dons de Lemurianos e para ser um auxiliar e não um combatente.

-Está na hora de se tornar uma oferenda à deusa protetora da Terra. –Babel olhava com desprezo para o jovem, num olhar insensível e duro. –CHAMAS DE BABEL!!!

E em um movimento, o lemuriano estica os braços e as chamas não tocam nem o jovem e nem a mansão, mas ainda sim sofria com o calor do golpe, então com a própria telecinése, ele começa a empurrar as chamas com sua parede psíquica. Com o esforço conseguia aumentar a distancia das labaredas, mas as chamas começavam a se intensificar, já que Babel via que o garoto tinha potencial de crescer em combate. Tinha que fazer sua oferenda.

Mas dessa vez, Kiki estava determinado a não deixar nada acontecer com aquele orfanato.

******

O homem cego chegava em um shopping ainda em construção, foi o melhor lugar que ele havia encontrado desolado. Tinha pena que ele fosse se destruir com o combate e que pessoas ficassem desempregadas, mas era melhor que deixar o mundo cair em trevas. Só uma coisa era pior que esse pensamento, que era onde estava a armadura de ouro de Sagitário.

Mas não teria muito tempo para pensar, pois aquele cavaleiro já havia chegado.

-Muito bom, nocauteou os guardas da segurança, desligou o sistema de eletricidade provavelmente com um golpe, e mesmo que haja câmeras, nossos cosmos interferem com as transmissões. Vejo que você não quer aparecer, tanto quanto eu. –Misty tinha um cosmo assombroso, e um tom de cinismo ainda maior. –Lhe matarei rápido se me disser onde está a armadura de ouro de Sagitário.

O jovem sem visão respirava aliviado, achava que era uma armadilha, pois ele próprio não havia encontrado a armadura. Felizmente também não estava com ele. Apesar de ser desprovido da visão, nada passava pelos seus outros sentidos.

-Vim aqui mais para conversarmos, você tem que entender que você está sendo enganado. Que você é mais uma vítima que o Grande Mestre usa como peão. –Shiryu era assim, pacifista até o ultimo momento, nem sempre toda batalha era vencida apenas por lutas, mas também por palavras, ideologias. A luta em si é sempre o ultimo recurso, e recorrer a ele significa a possível morte de um dos lados.

O matador do santuário chama a armadura numa sincronia perfeita, a qual era de uma brancura ímpia e cegante, dando ao cavaleiro de prata um ar mais puro que ele exalava sem. E ao mesmo tempo ele apontava o dedo médio e indicador para o rebelde.

-FURACÃO DAS TREVAS!!!

Shiryu saia de forma rápida do caminho daqueles ventos que vinham como um ciclone deitado, deixando o corpo cair pelos diversos andares do shopping não-acabado, que tinha vários andares para o subsolo. Era o único jeito viável de escapar daquele golpe de área. Já havia recebido uma vez de surpresa, e estava com o ombro gravemente ferido por isso, mas apenas ignorava a dor. Qualquer outro cavaleiro ou ainda mais um humano comum haveria sido morto por aquele ataque; mas Shiryu conseguia ver o fluxo do cosmo de uma pessoa e com uma avaliação analítica simples e seu sexto sentido treinado, podia prever os golpes antes mesmo que eles acontecessem, porém o Furacão das Trevas era mesmo capaz de atingir qualquer um mortalmente.

Chegava ao chão e não estava ferido, graças ao treinamento que seu mestre lhe deu. Esperava que o mesmo treinamento fosse capaz de vencer um cavaleiro de prata com armadura e habilidades completas, mas seus questionamentos que ecoavam na sua mente só o fizeram perceber o fluxo quando o cavaleiro de Lagarto se aproximava.

Conseguiu acompanhar sua velocidade que pegava o chute em pleno movimento do cavaleiro francês. O cavaleiro de prata estava impressionado com as habilidades do rebelde, escapar de um golpe era uma coisa, duas vezes era um fenômeno, um tremendo dia de sorte para um cego, agora três vezes era praticamente impossível, principalmente para alguém sem armadura.

Misty apenas continua o movimento com uma força descomunal, mas Shiryu mesmo após voar alguns metros, conseguia se estabilizar no chão e bruscamente partia para o ataque com seu punho, que parecia ser capaz de atravessar qualquer coisa. O cavaleiro de prata ainda fazia movimentos como se criasse uma parede, e depois de cinco movimentos abria totalmente a guarda.

O jovem atacava com tudo para cima do cavaleiro, mesmo se ele quisesse parar não conseguiria, pois a inércia não permitia e nem mesmo seus músculos já enrijecidos. Tudo que podia fazer era continuar, porém para seu choque, seu golpe foi detido. Sentia seu punho deslocado por acertar uma parede feita de cosmo e ar. Shiryu voltava ainda para trás. Não esperava mesmo que o nível de um cavaleiro de prata fosse tão forte.

-Achou mesmo que poderia me acertar com esse golpe. Não me faça rir... –Misty tinha uma arrogância que chegava a dar medo ao seu rival. Pela sua aparência, ele passava a impressão de fragilidade, e não um ser que não podia ser vencido, muitos percebiam isso apenas enquanto agonizavam.

Aqueles dois dedos eram novamente apontados para ele, novamente para a execução do Furacão das Trevas. Quando os ventos tomavam a forma de um ciclone, o guerreiro cego pulava no momento exato para escapar ileso para três andares acima. Enquanto Misty destruía quase que o andar inteiro o qual estava.

-Ora, ora! Não é que o rebelde cego é bom?! –Misty o procurava pelo cosmo, porém Shiryu tinha a habilidade de disfarçar o próprio cosmo. Geralmente esse era o tipo de treinamento para cavaleiros ou agentes do Santuário que trabalhavam mais com espionagem de campo inimigo ou mesmo como batedores. Era o tipo esquivo que Misty e grande parte dos outros cavaleiros de prata odiavam profundamente, eles que eram faróis de cosmos ofuscantes que apenas perdiam para os cavaleiros de ouro.

Shiryu estava escondido atrás de um balcão de alguma loja de eletrônicos, estava com o ombro e o pulso do mesmo braço deslocado e estava com seu melhor braço praticamente imobilizado. Forçava o braço para ele voltar para o lugar, melhor um braço com dor do que um braço inútil. Shiryu pensava em como vencer aquele cavaleiro, sempre pensou que tinha o poder de um cavaleiro de prata e que poderia derrotá-lo, estava enganado.

Tinha que descobrir como derrotá-lo, e de preferência rápido para logo encontrar Kiki. Tinha que descobrir algum jeito de um guerreiro sem armadura e sem dons derrotar um cavaleiro de prata completo e ainda com armadura. Tinha que conseguir de alguma maneira vencer.

Enquanto isso, o cavaleiro de prata começava a se irritar com aquele rebelde, queria poder destruir todo o lugar soterrando-o, mas pensava que seu oponente era um verme muito sobrevivente e esquivo, muito bem seria capaz de emergir vivo, e ele já causara abalo demais em uma simples recuperação de uma armadura.

Tentava sentir o cosmo de seu adversário, mas sua raiva por aquelas táticas irritantes turvava sua detecção pelo cosmo, decidia procurar do método tradicional, pulando até onde ele estava e procurando loja por loja. Começava a destruir cada um dos possíveis refúgios.

Ambos começavam a notar que o dia começaria a raiar em menos de uma hora, tinham logo que acabar com aquele jogo. Nenhum deles iria ganhar revelando a existência de cavaleiros para o mundo.

Shiryu aparecia concentrando toda a sua força e seu cosmo de uma vez nas costas de Misty, deixando seu cabelo fluir junto com o cosmo que se elevava, e por debaixo da camisa o dragão esmeralda aparecia em suas costas. Prepara com o braço ferido o seu golpe.

O cavaleiro de prata ri, era ridículo atacá-lo pela frente graças a sua barreira de vento aliado a sua armadura de prata, era impossível tocá-lo. Queria ver o efeito de tamanha tolice de atacar sua defesa de maneira ofensiva. Seria uma morte a ser lembrada. Afinal, a justiça estava do lado de Athena e de seus cavaleiros, assim como a vitória.

-DRAGÃO NASCENTE!!!

Shiryu parecia voar rente ao chão, e seu punho parecia querer destroçar tudo a sua frente e tinha até mesmo uma certeza de conseguir. O mais assustador não era o cosmo do anarquista, mas sim a sua determinação fanática, que ele exalava em seu grito e em seu cosmo. Enquanto Misty refazia seus movimentos de mãos, usando seu cosmo para redirecionar os ventos fazendo sua defesa perfeita.

As duas técnicas se colidem, de maneira no mínimo assustadora. O braço já ferido de Shiryu se quebra, o som do osso partindo era claro, mas também Misty sofre um ataque no abdômen que nem mesmo a barreira natural da armadura consegue deter. A dor é alucinante para ele que nunca sentiu dor nem mesmo em seu treinamento por já nascer com o dom de manipular ventos.

Sua raiva era enorme, aquele “verme” havia tocado-o, seu olhar ao invés de desprezo e superioridade, tornava-se uma expressão de puro ódio e sanguinolência. A morte seria pouco para ele, Misty virava-se, pois Shiryu havia trespassado por ele e não havia parado, apontando a posição de mãos que ele evocava para usar o furacão das trevas com todo seu cosmo. Para ele, não sobraria nem mesmo resquícios de sua existência.

Mas ao virar, Shiryu já atacava novamente com o braço intacto com uma força descomunal e de surpresa. A mão do cavaleiro de prata foi totalmente destruída com o soco do guerreiro da resistência, e não se detia apenas na mão de Misty, mas sim ultrapassava chegando ao cavaleiro do santuário.

Misty ao sentir a raiva tomar conta de si, já sabia que havia perdido. Seu inimigo tinha sobrepujado sua força, sua ideologia, sua fé apenas com a força de vontade e o punho. E enquanto sentia sua vida se esvaindo até o seu coração explodir na mão do inimigo, pensava que tudo estava errado, e que ele não estava certo e que tudo no Santuário estava errado. Desejava que apenas todos os erros fossem consertados, principalmente os que ele próprio cometeu.

O corpo de Misty cai inerte, e Shiryu com o punho encharcado de sangue, antes mesmo que pudesse sentir a dor do braço esfacelado, sentia uma dor enorme em seu coração, apertando o peito numa dor aguda, que por mais que fosse poderoso, não poderia segurar ou deter. Apertando o lado esquerdo do peito, ele cospe sangue e vê seu mundo perder estabilidade e o chão e logo após as cores.

******

Na mansão Kido, o jovem lemuriano usava seu cosmo e todo seu dom de telecinése já há um bom tempo contra as chamas de Babel. Sabia que não poderia durar muito tempo naquele embate de forças, até mesmo porque a cara de Babel parecia obstinada e controlada. Ao contrário de Kiki, Babel sentia prazer naquela luta, para ele cada cosmo e gota de sangue naquela batalha era uma oferenda à deusa Athena no Santuário. O jovem usa todo o seu poder para devolver as chamas escarlates do seu oponente para o mesmo, que recebe além do impacto do próprio golpe o impulso da telecinése.

Kiki caía de joelhos e suando além de por causa do calor das chamas do oponente, também por causa do esforço que fez. Não tinha poder algum para derrotar um cavaleiro de prata como Babel, mal tinha o poder de um cavaleiro de bronze, e muito menos tinha uma armadura.

Enquanto Babel se levantava com pouquíssimas escoriações, alguns meros chamuscados. Nada que ele não sofrera já em outras missões. Divertia-se, pois aquele moleque não era mais que um aprendiz longe de conseguir qualquer armadura. Ele mesmo queria que tudo se prolongasse até onde pudesse, pois em sua doentia mente, cada sofrimento e cosmo usado pelas suas “oferendas” era para a força de sua deusa, levanta-se caminhando em sua direção.

-Levante-se! Sofra! Gaste mais poder contra mim, assim você deixará minha deusa feliz e mais poderosa. –Babel tinha um tom louco e devotado na voz, era assustador até mesmo para os mais fanáticos dos cavaleiros do Santuário, talvez por isso que ele fora mandado, pois ele talvez fosse o único que queimaria um orfanato sem crise de consciência e nem se vender ao lado dos “traidores”.

-Pode ser a SUA deusa, mas não é Athena. A deusa protetora da terra não prega a violência irracional, mas sim a convivência por meio da paz. Seu poder não vem do sofrimento, mas sim pelo seu amor a humanidade. –Kiki mesmo eusarido continuava com a língua afiada e dono de um raciocínio mais sarcástico e óbvio dentre a resistência.

-Sabe que é hora então de você queimar junto com esse orfanato, fazendo uma grande chama para enaltecer a MINHA verdadeira deusa, e fique com a misericórdia fracassada de sua FALSA deusa. –Ele ria obstinadamente, como a prova de uma autenticidade para saber quem era a deusa verdadeira, e como comprovando com as chamas que carregava na mão prestes a incinerar as ideologias do seu oponente.

Mas se deteve diante de uma gargalhada de felicidade e de cinismo em sua voz. Não era um riso de loucura e desespero, mas sim um riso de esperança. Isso perante a morte eminente era algo errado. Era algo que o irritava.

-Porque está rindo a beira da morte!? –Babel indagava ao jovem ruivo.

Simplesmente por que minha luta não era para vencê-lo -Kiki, mesmo sem forças conseguia sentir de longe o cosmo que se aproximava.

Babel também sentiu o cosmo de seu adversário, simplesmente não acreditava quem era, apenas com o deslumbre da sua silhueta e com o brilho do seu cosmo, sabia quem era. E com um simples piscar de olhos, via-se caminhando em uma fila de pessoas mortas, um caminho de almas e zumbis indo em direção a uma grande cratera. Quando Babel entendera onde estava, não importava mais, pois ele agora era a oferenda, e apenas seguia seu caminho como todos os outros...

A silueta negra que era oculta pela noite e que dera o fim a vida de fanatismo do cavaleiro de Centauro, volta-se para dentro da mansão adentrando-a. Kiki suspirava de felicidade e deixava-se cair e gargalhar um pouco pela sua sorte por tê-lo do seu lado.

*****

Aldebaran era um homem enorme, um verdadeiro colosso dentre os cavaleiros do Santuário. Não apenas pelos seus 2,10 m de altura, mas também pelo seu cosmo e poder. Tinha feições extremamente duras, e quadradas. Tudo no cavaleiro guardião da segunda casa parecia ser tão resistente quando sua armadura, mas ele era só assim por fora.

Por dentro ele era, talvez, o melhor dos cavaleiros. Não tinha magoas, grandes traumas, desastre que distorcera sua mente, absolutamente nada, era por dentro um homem simples que pregava mais proteger e conservar do que destruir. Lembrava até mesmo Aioros antes de se revelar um traidor, o que não seria estranho, pois foi ele que o encontrou perdido no meio do Brasil, pais da América do Sul, era filho de outro cavaleiro que queria apenas paz.

Talvez soubesse que tinha nascido para algo ainda mais nobre do que viver em harmonia com o mundo que o rodeava, foi escolhido pela constelação solar de touro e decidiu que mesmo contra a vontade do pai, iria lutar para proteger o mundo. Lembrava de quantas vidas havia mudado quando trajou aquela armadura, por quantas vezes não salvara o mundo de uma ameaça terrível.

Só odiou duas vezes ser cavaleiro. A primeira foi quando soou o alarme dizendo que Aioros, o cavaleiro de ouro de Sagitário, tentara matar Athena. Quando todos que estavam no Santuário foram ordenados a detê-lo, ele mesmo era uma criança que tinha uma armadura. Não mexera um dedo para deter Aioros, por saber que iria ser morto pelo legendário cavaleiro e por não poder levantar a mão contra ele, já que praticamente, foi ele que lhe deu sua armadura, que o achou e lhe ofereceu aquela chance.

Ao mesmo tempo que sua mente lembrava daquilo, uma lagrima caía dos olhos de Aldebaran, naquela praia com diversas marcas de batalhas de cavaleiros e aprendizes, que apesar de ser um campo de batalha era lindo em cada detalhe. Aquela era a ilha de Andrômeda, uma beleza que somente os mais fortes poderiam apreciar e que os fracos padeciam.

O Cavaleiro de Ouro estava rodeado por três cavaleiros de bronze e mais seis aprendizes de cavaleiro, todos muito jovens, e mesmo juntos não seriam capazes de derrotá-lo, mas mesmo assim tentavam fazer frentes com as suas armas, armados de correntes, chicotes e outras armas de corpo-a-corpo que tinham um razoável alcance de ataque, era efetivo para cavaleiros bem controlados, racionais e protetores, mas aquela não era a situação.

Ao contrario do Santuário onde o cavaleiro de touro era conhecido pelo seu coração benevolente, sua aparência inspirava terror em June, Heda e Spika, os únicos com armaduras que além de outros seis companheiros estavam tremendo. A visão do gigante blindado de ouro era assustadora, pois seu corpo fazia juz ao cosmo que ele possuía, o que era inacreditável para eles, já que seus ensinamentos nunca disseram nada sobre pessoas de força absoluta como Aldebaran.

De braços cruzados, aparência amedrontadora e um coração chorando teria que afundar a ilha de Andrômeda...

2 comentários:

  1. NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO T_T

    O Saga ficou mais odioso ainda com a Eris no meio, que raiva xDDD

    Morrendo de pena do pessoalzin de Andrômeda! Se já foi chacina no clássico, imagina então com esse GM influenciado pela Eris? T_T

    E a Esmeralda não pode morreeeeeeeeeeeeeeer, não morraaaaaaaaaaaaaaaaa T_T

    Imagino como será o encontro do Okko com o Shiryu em alma nova hm...

    Tadinho do Deba, indo contra todos os princípios dele. Ele sempre foi o cavaleiro mais gente boa. Estar sendo obrigado a fazer isso deve trazer um sentimento horrível a ele =/

    E muito curiosa aqui pra ver quem deu cabo do Babel, toscamente não tá vindo ninguém na minha cabeça agora n.n

    Indo pro 11, beijocas =D

    Ps.: Alma Nova tá cada vez melhor *-*

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  2. Coitado do Saga, ele é inocente... O problema é a outra personalidade... Essa sim é uma FdP, misturando com a Eris que todo mundo pensa que é Athena...

    Todo cavaleiro dali estão sendo obrigados a servir a Eris sem saber... Alguns não ligam, alguns ignoram e outros sofrem...

    Sobre Babel leia o 11... sobre o Shiryu e o Okko... Acompanhe Alma Nova (merchã :D)

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