Estava tudo escuro, era como se estivesse apenas afundando em um mar de escuridão, o oposto que uma fênix deveria fazer. Era deprimente, tudo que ela conseguia fazer era lembrar-se do seu último instante de vida, antes de atacar aquele cavaleiro de ouro. Via seu corpo sendo desintegrado em luz cada vez que avançava, via seu braço tornando-se luz e apagando-se logo em seguida. Recuar não era uma ideia que cogitava naquele momento, já havia ido longe demais para desistir.
Só havia duas coisas que se arrependia: Não ter matado Jango com suas próprias mãos, e colocar Hana nessa história toda. Não importava se ela era Athena, ela foi a única que lhe ofereceu colo e conforto quando precisava, a que lhe deu um sono sem pesadelos. Queria poder sorrir, mas ao que parecia aquilo era seu inferno. Ter seu corpo destruído e ser torturada pela própria consciência.
Se ela tivesse outra chance protegeria Hana. A jovem de cabelos lilases por um instante quebrou seu ciclo de ódio. Queria ter um corpo para lutar, queria ser novamente a amazona de Fênix para lutar novamente. Queria ter suas asas flamejantes para destruir quem se opusesse a ela e proteger a quem ela se importasse com a sua vida imortal. Ela precisava voltar, era o que pensava enquanto dava um grito naquele oceano de trevas e inexistência.
Não houve som, não houve nada...
*****
Thouma saía da água, bem cambaleante, carregando a sua irmã recém tirada de sua cruz invertida. Sabia que ela não estava em sua melhor forma, mas não esperava que sua mente e seu corpo estivessem tão debilitados. Não conseguindo carregá-la mais, caem ambos na areia, exaustos e a vista de Moses, o cavaleiro de prata que calmamente olhava para a cena sentindo-se tocado.
Moses via uma cumplicidade entre os irmãos impressionante, tão tocante que o lembrava de outros tempos de combate. Por um momento, quis não ter sido enviado nessa missão, porém no momento seguinte lembra que seu companheiro poderia estar morto, soterrado, sob a água. Poderia verificar como estava Asterion e ainda deter os fugitivos mesmo atordoado, mas por algum motivo não conseguia tirar os olhos dos ruivos.
O cavaleiro de Baleia da um passo em direção aos “traidores” e, de repente, vê uma reação de levantar de Pegasus, como se ele fosse levantar-se. Ele poderia simplesmente pisar em sua cabeça para acabar com tudo aquilo, mas não conseguia. Já tinha um respeito e certa admiração pelo garoto, mesmo sendo inimigos.
Thouma finalmente levanta tonto e sem força alguma. Ele esperava que o Relâmpago Celeste que havia atirado deixasse-o no mínimo inconsciente. Pelo menos, o cavaleiro que estava torturando sua irmã jazia no fundo da praia.
O cavaleiro de bronze, mesmo sem armadura, colocava-se em posição de combate. Por mais que fosse pífia sua posição, por mais que sua morte fosse evidente diante de qualquer golpe de seu oponente, tinha que se colocar de pé, pois ele era o Pegasus da Profecia.
- Garoto, se finja de morto. Se não, terei que matá-lo realmente. Tenho que levar você e sua irmã para o Santuário. – dizia o Cavaleiro de prata restante para o seu adversário ferido.
- Isso não vai acontecer. – Thouma estava ofegante, havia aberto muitos ferimentos com o golpe que recebeu e sua cabeça doía, efeito do golpe de Esmeralda. – Não vou desistir, meu destino é sempre avançar.
- Não seja estúpido, moleque. – Moses admirava a determinação, mas odiava a prepotência.
Ambos os cavaleiros colocavam-se em suas respectivas posições de combate. Ambos começavam a queimar seus cosmos, Moses de maneira maior, mas Pegasus não ficando muito atrás. Em boas condições, ele teria um nível de um cavaleiro de prata. Thouma percebia que se desviasse do golpe, esse iria acertar a sua irmã que estava desmaiada na areia.
De repente, os dois cavaleiros sentem o cosmo inflando na água da praia. Olhando, os adversários vêem Asterion saindo da água sem seu elmo. Sangrava em profusão graças ao ataque de Pegasus.
Caminhava para fora da praia, Thouma tremia por não ter eliminado o outro cavaleiro de prata.
- Como assim nossa Athena é falsa? – Indagava Asterion.
*****
Kiki estava extremamente cansado, sua luta contra o cavaleiro de prata de centauro havia consumido suas forças de maneira extrema. Seus dons foram forçados de maneira assustadora para o combate, seu mestre sempre lhe ensinara para ser um suporte para os cavaleiros, e não um guerreiro de Athena. Apesar dele mesmo querer muito, viu o quanto era inexperiente, o quanto era fraco perto dos outros cavaleiros de bronze. Eles sim eram prodígios de combate, assim como seu companheiro de treinamento.
O ruivo levanta-se e vê as caixas de pandora no hall onde estava. As armaduras de Pegasus e Dragão estavam lá, em uma ressonância moribunda, sentia as ressonâncias das armaduras de Cisne e de Andrômeda saudáveis na medida do possível.
Aproximava-se das armaduras e cada vez mais podia sentir as dores das armaduras. Ao tocar a armadura de Dragão, via o golpe potente da amazona de Fênix, o golpe do dragão negro e ainda o poderoso punho de Docrates acertando a armadura. Sentia um orgulho vindo da armadura para com seu portador, quase como um pai que vê um filho crescendo e evoluindo.
Já ao tocar na de Pegasus, sentia uma frustração vinda da própria armadura. Ela estava feliz por estar do lado da deusa, mas não estava orgulhoso de seu cavaleiro. Parecia que era outra pessoa a qual ela esperava. Havia algo muito errado.
- O que está fazendo? – Kiki gelou, geralmente quando fazia as leituras da ressonância das armaduras imergia para dentro de seu poder. Era puxado de volta ao plano primário.
O dono da voz era Okko que vinha de fora da mansão. Não falava com agressividade, mas estava irritado com tudo que acontecia. Esperava uma guerra aberta e não ser um segurança. Foi treinado para o combate e não para proteger.
- Nada, mestre Okko. – dizia Kiki da maneira mais polida que o seu susto permitia. – Estava vendo a lendária armadura de Dragão.
- Não sou mestre e acho que quem bajula demais esconde alguma coisa. – Okko era direto, odiava bajulação e ser chamado de algo que não era. – Não preciso de um bajulador, preciso de um irmão de armas. E não é por isso que estamos na Resistência e não no Santuário. – Okko mostrava um sorriso feroz para quebrar o peso inicial das palavras.
Kiki ria e era verdade, a mente do cavaleiro de Dragão era aberta e sem mistérios. Por mais que o jovem lemuriano achasse-o com aparência mais selvagem e violenta, via em seu coração que ele buscava uma harmonia e equilíbrio, e ainda era o mais “cavaleiro” entre os cavaleiros de bronze que conheceu até agora. Fazia-o lembrar de Shiryu, mas de maneira menos prudente e mais instintiva.
- Desculpe, Okko. É que eu tenho uma habilidade direta com as armaduras do zodíaco, posso meio que ler seus sentimentos e avaliar ferimentos. – dizia Kiki bem constrangido e ao mesmo tempo orgulho de ser tratado como um igual.
- Habilidade de lemurianos, certo? – Perguntava Okko. – Já ouvi falar muito de seu povo pelo meu velho mestre.
- Sim, exatamente. Como as armaduras são vivas, consigo sincronizar minha alma com a sua energia. É o mais próximo que alguém consegue chegar de uma comunicação para com a armadura que é um ser vivo. – Kiki era um dos poucos lemurianos puros existentes ainda no mundo.
- E a que conclusão chegou? – Perguntava, pois se preocupava com sua armadura. Toda vez que a vestia sentia-se completo como ser, como se uma paz para toda revolta que ele sofria fosse apaziguada.
- Que elas estão prestes a morrer, pelo menos as de Pegasus e Dragão... - responde Kiki em uma voz fúnebre.
*****
- Responda, cavaleiro de bronze! – Asterion era autoritário em sua voz. Thouma sente seu sangue gelar.
- Do que está falando, Asterion? – Moses indagava, havia um olhar de certeza no companheiro. – acho que esse golpe foi forte demais para você.
- Responda-me, cavaleiro de bronze. – repetia Cães de Caça. – Perguntaria a sua irmã, mas ela está desmaiada.
- E se for verdade? – Thouma não saia da posição de combate, tinha medo de que colocasse tudo que sua irmã havia sofrido em vão. Aquela luta ele não havia como vencer.
- Você está acreditando mesmo nessa conversa de traidores? – Baleia já olhava com certa dúvida para o companheiro, pensando que a loucura dos hereges havia lhe perseguido a consciência.
- Não apenas acredito, como vi. Não é meramente questão de fé, mas sim, vi as memórias que Marin deixou vazar quando seu irmão apareceu. Vi coisas desconexas que quando estava desmaiado vi que faziam sentido. – O telepata era sincero em suas palavras, o que assustava o cavaleiro de bronze e o seu companheiro.
- Acho que esse traumatismo craniano que está mal-encaixando sua cabeça, Asterion. – Estava realmente preocupado com o seu amigo.
- Moses, vi coisas que deixariam você assustado, está muito acima de você, de mim, de Marin, desse cavaleiro de bronze, até mesmo dos cavaleiros de ouro. Essa pequena guerra que travamos não importa. A Rebelião está fazendo de tudo para vencer o Grande Mestre. – Asterion tinha um tom apocalíptico em suas palavras.
Thouma suspira aliviado, um cavaleiro estava do lado da rebelião por fé. Só tinha agora que derrotar o cavaleiro de prata de Baleia.
- Vamos matar ambos, Moses. – Ao citar essas palavras, Thouma gela novamente. Nem mesmo Moses entendia, acreditava que o companheiro estava louco.
- Primeiro, você fala que entende a Resistência, e agora nos manda matar?! – Thouma chegava a ignorar seu rival imediato para discutir com o telepata.
- Não me leve a mal. Sou um cavaleiro de Athena, mas devo admitir que o atual Grande Mestre é um gênio. Colocar uma falsa Deusa, e sumir com Athena, um governo por um humano manipulando uma deusa e todos os cavaleiros do Santuário. Convenhamos, é uma coisa gloriosa a se fazer. Colocar finalmente o destino dos homens na mão dos homens. – Asterion era sincero, era racional e acreditava sempre em si mesmo. Não chegava a ser herege, mas pragmático. – Moses, acabe com esses lixos que como você mesmo disse, eu devo estar com um traumatismo craniano grave.
*****
- Como assim as armaduras estão para morrer? – Okko sentia uma vontade de agarrar o jovem lemuriano pelo colarinho, mas se controlou. – Minha armadura saiu recentemente das cachoeiras de Rozan.
- Calma Okko, eu explico para você. – Shiryu descia pelas escadas, como se enxergasse. – As armaduras são criaturas vivas, como você sabe. Como todos os cavaleiros sabem em teoria. O que não se sabe é que elas são frágeis também, elas não têm almas, elas são guiadas por diretrizes de quem as criou. Elas se tornam mais forte com a diretriz certa, mas ao sair dessa diretriz elas se tornam fracas. E em nenhum momento, as armaduras foram criadas para destruir, umas as outras.
- E como podemos restaurá-las? – Perguntava Okko genuinamente preocupado, nunca sentira com tanta paz e completo desde que vestiu pela primeira vez a armadura de Dragão.
- Eis que surge o problema. – dizia Kiki interrompendo o discurso de Shiryu. – Só em Jamiel está a solução para isso. Eu e Shiryu estamos treinados para consertar armaduras, mas a real gravidade dos danos e materiais para reconstruir só poderemos ter acesso lá.
- Fácil, levem as armaduras, consertem-nas e as devolvam. Simples, demorem o tempo que precisar, mas nem um momento a mais.
O ruivo balança a cabeça em reprovação enquanto o jovem chinês se colocava pensativo.
- Vamos os três, aposto que a armadura de Cisne deve estar da mesma situação que a de Dragão e de Pegasus. Vou falar com Lynna que deveremos nos ausentar. – Shiryu subia as escadas novamente.
- É mesmo necessário TRÊS de nós, quando dois são suficientes? – indagava o moreno.
- É bem capaz que nenhum volte se queremos ver as armaduras vivas novamente. – continuava a subir as escadas, e o jovem lemuriano sentava no sofá preocupado.
*****
Thouma estava apreensivo e chocado com a revelação de Cães de Caça. Todos que conheciam o motivo da resistência e acreditavam, viravam-se contra o Santuário imediatamente. Mas esse cavaleiro não se importava verdadeiramente com quem era Athena.
Marin se esforçava para levantar depois da declaração de Asterion, tinha vários ferimentos e muitos sangramentos. Era deprimente o estado que se encontrava, mas se esforçava o máximo que podia. Thouma admirava o esforço da irmã, mas era inútil, não seria uma luta dois contra dois, ainda seria ele contra dois cavaleiros de prata e tentando proteger sua irmã do fogo cruzado.
- Desgraçado. – Ao dizer isso, Marin deixa um filete de sangue sair de sua máscara. – Você não tem nem envergadura moral para ser um cavaleiro de Athena.
- Não me culpe, Marin. Foi sua própria devoção que a colocou aqui. Se fizer assim como eu, e apenas aceitar a nova direção, não sofrerá tanto. Porque não um humano governar a humanidade? É burrice essa guerra civil, aceitar o lado vencedor é a melhor coisa a se fazer. – Asterion era um orador sem par, se os dois irmãos não tivessem uma ideologia tão forte, aquelas palavras teriam os feito parar para pensar.
Mas aquelas palavras proferidas por Asterion acertaram, na verdade, Moses. De certa maneira, ele estava certo, toda essa guerra interna só os enfraquecia para caso houvesse uma guerra santa. E eram o Santuário contra no máximo vinte pessoas, e talvez nem todas fossem cavaleiros, talvez fossem aprendizes e servos.
Ele era um soldado acima de tudo, e sua convicção era lutar com todas as forças para ter paz no futuro. Para um soldado como ele, lutar uma guerra a qual se via desnecessária era frustrante para pessoas do tipo de Moses. Todos que viviam sobre esse código de conduta querem golpear o pilar do problema o mais rápido possível, mas dar o golpe em quem você acredita estar certo é trair a si mesmo e suas convicções de bem e mal. Esses julgamentos de moral não eram feitos para soldados, mas sim para filósofos, sacerdotes... O que fazer então? Cumprir ordens era o que ele sabia fazer.
- Moses, acabe com eles. E vamos voltar para o santuário como heróis. – Ordenava Asterion, e estava ai uma coisa que Moses queria, seguir ordens, deixar o direito de escolha a pessoas mais capacitadas.
Acumulava seu cosmo e preparava-se para lançar novamente sua Força Explosiva de Kraitos...
Com um cosmo assustador e um movimento de braços bruscos, o cavaleiro de Baleia usa seu golpe para criar um enorme fosso entre os irmãos ruivos e o seu companheiro. Todos os três estavam surpresos com seus atos.
- Saiam daqui. – dizia Moses para Thouma e Marin.
- Moses, está louco? Você está do lado dos traidores?! – Gritava Asterion em um tom inquisitório.
- Não, meu amigo. Sou um cavaleiro de Athena, e não sou um servo do Santuário como você. – Moses tinha um peso nas palavras que deixavam a honra de todos presentes pesadas. – Sou um soldado de Athena, e esse talvez seja o meu ultimo ato como o mesmo. Não há glória e nem honra àqueles que se corrompem.
- Errado, meu amigo. Os vencedores escrevem a história. – retrucava Asterion.
- Eu saberia, e é o que me basta! Prepare-se. – Moses se colocava em posição de luta.
Asterion não acreditava no que estava acontecendo, seu companheiro se rebelando contra ele e contra o Santuário. Lia a sua mente superficialmente, e era exatamente o que ele dizia. Achava que ele era o traidor.
Cães de Caça se preparava para lançar seu golpe, com o seu cosmo ele começava a fazer cópias de si mesmo, com pequenas partes de seu poder. Eram semelhantes em cada detalhe, no começo eram dez, logo após cem, no instante seguinte já havia mil. Thouma se preocupava em contar, e era o que diferenciava Marin de Thouma, pois nem ela e nem Moses ousavam a contar além dos três primeiros. Já presumiam que a técnica dele se baseava em telepatia e manipulação, um truque covarde.
Por mais que fossem ágeis, nenhum deles poderia esquivar de todos. Muitos eram apenas ilusões que nem valiam a pena a se esquivar, outros poderiam simplesmente matar ao toque.
- FORÇA EXPLOSIVA DE KRAITOS!!!
O golpe do cavaleiro de Baleia usava jogava tudo para cima com enorme violência bloqueando todos os ataques, fortes ou fracos. Todos acompanharam o fluxo do golpe sendo elevados ao céu.
- Estou impressionado, Moses. Usar esse golpe para desviar meu golpe é impressionante, mesmo para alguém sem dons e com apenas esse golpe, mas não há muita coisa que você possa fazer, seu limitado. – Para todos, Asterion era arrogante, porém este esperava que Moses fosse apenas mais um brutamontes do Santuário, e não que tentasse desviar de seus golpes.
Moses era uma figura sólida, sereno como um lago, ameaçador como uma tempestade por vir. Ao ler sua mente, tudo que podia ver era a sua obstinação em derrotá-lo, não havia plano, não havia maneira. Apenas obstinação de um soldado.
Asterion tentava invadir sua mente, até ver Moses correndo para cima dele com um ataque impressionante e rápido que por pouco consegue desviar. Sua mente estava confusa, como Moses descobriu que ele era o verdadeiro quando eles todos eram milhares?
Mas o segundo golpe foi em cheio no estômago, destruindo um pouco a proteção peitoral e abdominal de Cães de Caça. O golpe era destruidor e dotado de uma enorme força descomunal a qual destruía totalmente sua placa peitoral. E o segundo soco acertava-lhe o peitoral da armadura fragmentando-a e impactando-a no chão.
Ao fazer isso, todas as ilusões desaparecem. Asterion perde totalmente sua concentração desfazendo suas ilusões. Agarrava-o pelo pescoço e quando seus olhares se cruzaram, o telepata sabia que não haveria piedade para ele, e para isso não precisou de seu dom.
- FORÇA EXPLOSIVA DE KRAITOS!!!
Cães de Caça voou para os céus, assim como Thouma e Marin tinham feito. A velocidade era tanta que sua armadura, à medida que ele subia, era feita em pedaços. E com um olhar, Thouma entendeu que ele teria a honra de finalizar com o traidor de Athena. Marin também decide usar o resto das suas energias para atacar também, ambos elevam seu cosmo e pulam em direção de Asterion.
- RELÂMPAGO CELESTE!!!
- LAMPEJO DA ÁGUIA!!!
Voando em direção com todo o cosmo combativo que os restava, o ataque é fulminante restando apenas um clarão no céu.
*****
- Como assim? Vocês três precisam ir embora? – Gritava Pandora com Shiryu. – Estou a par da situação, os únicos que podem lutar são vocês três.
- Sua armadura está em ótimas condições, e você foi a menos ferida nesses combates. Com a armadura de Andromeda com o poder de suas correntes, você é a melhor defensora. Thouma se recuperará logo, uma teimosia não permitirá que ele fique muito tempo parado, e Isaak, graças aos esforços de vocês duas, logo estará melhor. Em menos de um dia estaremos com as armaduras restauradas. – Shiryu era didático em suas palavras parecendo rebater perfeitamente cada preocupação das presentes.
Pandora, por outro lado, sempre esquecia que era uma amazona, e não saberia se poderia defender Hana, Afinal, a armadura de Andrômeda tinha vontade própria. Apenas atuava o mínimo para não se ferir e para salvar Hana. Mas ter Shiryu longe ainda sim seria uma ótima escolha. Aquele seu dom de ver o fluxo de cosmo o faria poder ver o cosmo negro que corria em sua armadura de bronze. Só teria que se preocupar com a sacerdotisa.
- Mas o que eu ouvi é verdade? Sobre a vida das armaduras? – Perguntava Lynna com uma genuína preocupação que chegava a assustar a espiã de Hades.
- Depende de quem você ouviu, histórias se propagam e se distorcem. – Shiryu falava aquilo como uma poesia.
- Ouvi isso de Garan há muito tempo atrás.
- Então é total verdade o que lhe foi contado. Agora vou. – fazia uma reverência para Athena e sua sacerdotisa e saia pela porta.
Hana, mesmo não entendendo nada, sente um aperto no coração, o mesmo que sentiu quando deixou Esmeralda para morrer no monte Fuji...
*****
Asterion estava morto sem armadura, pois até mesmo em pedaços a armadura havia o abandonado. Os irmãos estavam caídos e exaustos, enquanto Moses contemplava o mar pensando no que iria fazer, até que de repente sentiu um cosmo da intensidade de um cavaleiro de ouro.
Ao olhar para trás, via um servo do Santuário, não sabia quem era, mas era possível saber quem era do Santuário ou não. O homem vestia-se de maneira bem genérica, com calça social, um casaco por cima e sem o olho esquerdo, e o braço do mesmo lado, sendo ocupado por um artefato místico que funcionava como seu cosmo ordenava.
- Não se preocupe, estou com Marin e Thouma, na verdade, presumi que ele viria resgatar sua irmã e vim também. – Garan anunciava com as mãos levantadas em sinal de paz. – Sei que você não vai se importar se eu levá-los daqui, mas o que você pretende fazer agora? Ouvi que esse seria seu último ato como soldado de Athena. Pretende unir-se a Resistência?
- Eu? Não vou tomar partido da Resistência. E nem do Santuário. – dizia Moses virando novamente para o mar. – Como você ouviu, não serei mais um Soldado nessa guerra sem sentido. Irmãos combatendo irmãos é um veneno que um toma querendo que o outro morra.
- E o que pretende fazer? Se omitir?
- Acho que o termo melhor seria “abdicar”, vou simplesmente descansar de toda essa guerra e intriga, virar protegido ao invés de guardião. Só devolverei a armadura quando tudo isso estiver acabado, seja para o bem ou para o mal. – Não havia malícia e nem covardia em sua voz, apenas cansaço de quem já lutou e viu coisas demais.
- Entendo, queria ter esse poder também de sair dessa guerra, mas não tenho, mesmo não tendo armadura não posso. Em seu lugar, talvez eu fizesse a mesma coisa, mas não temos a mesma sorte, seria bom lutar ao lado de um homem como você, Moses. – Garan dizia com uma ponta de inveja do livre-arbítrio do cavaleiro de Baleia, mas o servo da casa de Leão tinha seu dever para cumprir para com o finado Aioros.
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Jamian não era um padrão de beleza, tinha dentes cerrados, um andar desengonçado e uma boca larga demais. Não era um guerreiro propriamente dito, mas era um infiltrador sem igual no santuário, pelo menos o único com honra, assim como Spartan. Ao contrario dos outros cavaleiros de prata que tinham poderes assombrosos de destruição, seu poder estava ligado aos seus corvos. Podia ver, ouvir, e sentir por eles graças ao seu cosmo.
Naquela noite, nunca foram vistos tantos corvos no Japão. E todos eles estavam a serviço do Cavaleiro de Athena, sua presença permeava todo lugar e via muita coisa, como Moses se mostrando um traidor carregando a armadura de Baleia com ele. Achou também os outros cavaleiros de prata, Misty, Babel e Asterion, com as suas devidas covas em um cemitério civil. Talvez quando tudo aquilo estivesse acabado, ele poderia levar seus corpos para o Santuário, para serem enterrados como verdadeiros cavaleiros de Athena.
Não achava os seus assassinos, mas por intermédio de Kappa, um de seus corvos, achava os cosmos mais avançados, pelos seus olhos viu o jovem Pegasus voltando para o orfanato filho das estrelas. Um nome bem curioso para o abrigo dos traidores. Lá, sentia também os cosmos de mais seis cavaleiros e dois civis, mas que tinham um potencial assustador.
Colocava também os corvos Amael e Umbra para vigiar Spartan e Jiste. Spartan era um covarde e Jiste era traiçoeira. Até porque, fora reintegrada recentemente, Jamian sabia que pessoas podiam mudar, cavaleiros e monstros não, e era bem possível que a amazona de morcego fosse desse tipo.
Ambos ainda não tiveram sucesso no que foram designados, mas parecia que Jiste sabia que estava sendo seguida, e tentava despistar Umbra a qualquer custo, já Spartan era rápido demais, Amael apenas conseguiria não perder seu rastro, mas acompanhá-lo era impossível.
Via os dois cavaleiros e um aprendiz sair da mansão, com três armaduras de bronze. Vendo as figuras entalhadas nas urnas reconhecia como Dragão, Cisne e Pegasus, o garoto era lemuriano, da mesma raça do cavaleiro de ouro da casa de Aries, “será que a raça reclusa dos lemurianos estaria envolvida nisso?” pensava o infiltrador.
Já era hora de avisar ao Santuário e aguardar as ordens...
Sencional...
ResponderExcluirA determinação do Moses, a "verdade" que transpareceu no Asterion. Muito bem explorado essa parte psicológica dos personagens.
Parabéns meu amigo...
Valeu mesmo, Denilson! Realmente, esse enmbate entre o Asterion e o Moses foi complicado de descrever. Fico imensamente feliz com seu comentário aqui!
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