Alma Nova 18.3 - As Ilusões e Trevas no Coração de uma mulher

Jiste corria em um desespero calculado, aqueles dois jovens, o ruivo e o de cabelos esverdeados corriam atrás dela como em uma caçada. Pelo estado físico de seus dois perseguidores, podia enfrentá-los, seus corpos estavam enfraquecidos, um tinha feridas e queimaduras recém curadas, prontas para serem reabertas; o outro parecia que havia escapado pelas garras da morte; mas seus cosmos eram formidáveis. E isso que a Jiste temia.

A amazona fantasma sempre confiava em seus instintos, era como ela sobreviveu todo esse tempo, seguindo seus instintos, e hoje não seria diferente. Sempre sentiu um frio na espinha, na altura da nuca quando estava prestes a morrer, e essa sensação nunca a traiu. E a sentiu.

Usou sua técnica, reflexo de miragem. Que consiste em usar parte de seu cosmo para criar um reflexo e o resto para dar uma carga para algum lugar que fique protegida deixando seu corpo com uma imagem distorcida. Fazendo o a visão do oponente focar na ilusão, não na mesma.

O fez bem a tempo, um raio foi disparado com tamanha rapidez e poder que se houvesse um segundo de hesitação estaria morta. Se escondeu atrás de uma árvore, e ocultou seu cosmo. Tinha que sair desse encalço e voltar para ajudar seus asseclas. Estava longe e escondida, esses cavaleiros muitos poderosos confiavam demais em sua força e menos em sua astucia, seria facil escapar deles.

E o frio na espinha voltou.

Usando seu reflexo de miragem, ela pode sentir um frio gigantesco na pele e cristais de gelo se formando. O guerreiro de gelo havia não somente a alcançado, mas achá-la. O soco que deveria ter a matado, congelou a ilusão de seu cosmo e a arvore, e logo em seguida quebrando as duas.

Mal pode pousar no chão e novamente sentiu a morte soprando em sua nuca e saiu. Antes que o cavaleiro que controla os raios havia descido assim como o elemento que controla. Os ataques eram intermitentes, não davam tempo para ela pensar em alguma estratégia ou contragolpe. Tudo que pode fazer é tentar sobreviver...

 *****

Thouma sempre preferiu trabalhar sozinho, confiava em sua força e técnica para sair de qualquer situação. E o desagradava os ferimentos que sofreu, ou mesmo depender de Pandora para proteger a Athena, aquela era sua missão. Ele conseguia respeitar Okko, pois era um discipulo de um cavaleiro de ouro, assim como ele. Que foi treinado no começo por Marin mas teve seu treinamento final por Aioria.

Ficava desconfortável por lutar ao lado de Isaak que foi treinado pelo cavaleiro de Cristal, um cavaleiro de prata o qual duvidava de sua força. Respeitava sua técnica e sua força e ambos tinham boa sinergia, mas não gostava disso.

Não conseguia acertar a amazona que perseguia, aquela maldita técnica não deixava ver para onde ela iria. Mas o cavaleiro de Cisne era eficiente em achá-la, e era incrivelmente rápido, mas lhe faltava técnica, era uma velocidade bruta de chegar rápido e parar abruptamente.

E naquele momento, o que mais incomodava-o era a falta de intenção de matar nos golpes de Isaak. Por mais que fosse difícil admitir, ambos eram equivalentes em poder, mas sua fraqueza era essa honra inquebrável que ele tinha.

Estava apenas aguardando a fraqueza no cosmo da Jiste e atacá-la diretamente no coração. Dar o último golpe que o cavaleiro de Cisne era incapaz de dar, como alguém assim era um cavaleiro de Athena se não houvesse um pouco de impiedosidade.

 *****

O cavaleiro de Cisne estava ofegante, não era pelo estilo da perseguição, treinava assim sempre com seu mestre o Cavaleiro de Cristal, que tinha um poder parecido com a amazona que estava perseguindo. Sentia-se cansado devido a sua recuperação ainda da morte negra, não estava totalmente bem, mas tinha que derrotá-la para defender Pandora e Athena.

E por um instante se perguntou, o porquê que pensou primeiro em Pandora do que Athena?

E novamente, encontra-la, tentando fugir. O nível de aceleração dela era muito bom, porém era curto e sem controle. Usava uma técnica que deveria ser uma escapatória de contra-ataque como fuga e um gasto de cosmo exagerado. Uma hora ela iria falhar, e receberia um golpe bem dado que lhe deixaria inconsciente.

Jiste esta chocada com a técnica do cavaleiro que usa golpes de gelo, mas ela faz questão também de acompanhar o cosmo do oponente que usa o relâmpago, pois além de disparar eletricidade, vinha uma intenção assassina assim como a dela e a dos seus asseclas.

A amazona fantasma corria o máximo que podia, pois era melhor enfrentar um de cada vez em um modulo de guerrilha. Enfrentando um por um, separando eles pela velocidade, esse plano tinha que ser perfeito, pois um erro poderia custar sua vida.

Mas ao esquematizar seu plano de ataque, um frio mórbido alcança sua nunca, não era o golpe de Isaak, mas sim o sentindo que a sempre salva da morte, mas geralmente era um aviso, naquele momento era um grito de desespero. E ela usa sua técnica, o Reflexo de Miragem para sair dali.

E não foi em vão, onde ela estava, nascia praticamente um iceberg que aumentava com um raio disparado por seu perseguidor. Ela havia simplesmente escondido atrás de uma arvore a uma distância gigantesca. Uma das vantagens da sua técnica, e novamente aquele arrepio na espinha lhe acometia.

Geralmente, sentia-se salva após usar seu Reflexo de Miragem. Que era o tempo de recompor suas energias, mas novamente sentia seu sexto sentido gritando. E ao piscar de olhos, o guerreiro de cabelos verdes, já havia lhe encontrado e a atacava com um soco revestido de gelo. Se Jiste não confiasse totalmente seus instintos, no mínimo, seu elmo e sua máscara teriam sido destruídos. Assim como aconteceu com a arvore que lhe dava cobertura. E novamente usar sua técnica para fugir.

Ela não optou se esconder, mas sim resolveu correr o máximo que conseguia. Seu plano de derrota-lo parecia distante agora. Tudo que pensava era sobrevivera esse perseguidor, e ao usar sua visão periférica para saber onde ele estava, junto com a visão veio o arrepio junto com a imagem de um punho próximo ao seu rosto.

E novamente, Isaak havia acertado a imagem que o cosmo dela deixa para trás, mas ele sorriu. Pois já estava conseguindo acompanhar o ritmo de tal técnica, para desespero de Jiste. Ele estava reagindo junto com o seu sentido de sobrevivência. O que era absurso, o tempo de reação de Jiste estava equiparado ao ataque do guerreiro do gelo.

A perseguição se seguia adiante, até que um rompante de momento, um cosmo negro feito a morte e as trevas estavam vindo de onde eles deixaram Athena com a amazona de Andromeda. E nesse momento, o cavaleiro de cisne ficou divido em seguir o plano, já que Pandora estava com armadura ela daria conta de proteger Athena enquanto os cavaleiros que acabam de sair da morte iriam.

Jiste percebeu que era o momento certo de seu ataque e preparou um taque que fosse perfurar o corpo daquele cavaleiro sem armadura. O ataque era certo, até ela ser jogada para tras por uma luz branca que a fazia resetar e relaxar seus músculos, como uma câimbra enorme que assolava seu corpo inteiro.

Era Thouma que não havia acompanhado a velocidade dos dois, e chegava no momento certo. O rosto do cavaleiro de Cisne estava assustado, pois em uma falha de pensamento poderia ter causado sua morte. O olhar de Thouma era de repreensão, mas ampliada pelo desconforto de não conseguiur acompanhar os dois.

- Vá ver o que aconteceu com Athena. – dizia Thouma em um ar autoritário.

Em qualquer outra situação, Isaak discutiria e não acataria as ordens de Thouma, mas se preocupava com o que aconteceu com Pandora e os outros, nessa ordem em seu coração, agradeceu a ordem. E sem questionar, foi em direção a mansão.

Jiste ao olhar para o seu outro perseguidor, seu estado físico era bem pior do outro, mas ele carregava um olhar parecido com o dela, um olhar impiedoso e assassino. E isso talvez fosse pior...

 ******

Jiste olhava a condição deplorável do seu novo oponente, por mais que o olhar azul dele trazia um ar de superioridade, ele estava em frangalhos, mas era exatemente isso que ela precisava. Um combate simples com alguém fraco, como aquele oponente, apesar daquele olhar a incomodava profundamente.

O punho de Thouma já apresentava leves lampejos, ele não era benevolente como Isaak. E em um piscar de olhos, ele atacou com um soco direto na mascara de Jiste. Não havia defesa e nem esquiva preparada. O soco apenas quebrou a mascara em migalhas. A sensação elétrica passava pelo rosto de Jiste, o que lhe causou leves espasmos musculares, nada que prejudicasse seus reflexos.

Thouma ao olhar a face de sua oponente, fez lembrar do discípulo de Mu de Aries, Shiryu. Que fazia parte da resistência, o que talvez para o Cisne seria um incomodo, mas para Thouma seria mais um oponente a ser derrotado por ele. Ele poderia simplesmente ter aplicado mais força, mas foi consciente, questão de desmoralizar seu oponente para mostrar que era superior.

O que não funcionava para Jiste, a mesma só usava a mascara para completar a proteção e por questão de costume e treinamento, mas não se importava tanto com isso. O que mais chocou-a que ele ainda tinha uma força descomunal, mesmo com o corpo maltrapilho. Ela já estava em suas ultimas reserva de cosmo, podia apenas confiar em seu combate corporal.

Atacou com suas unhas em um movimento de garra, pois tinha nelas um veneno debilitante. Talvez piorando a situação de seu oponente. Porém, Thouma graciosamente se esquivou. Havia uma certa leveza em seus movimentos, que contrastava com a postura de combate assumida pela maioria dos cavaleiros. Quase como em câmera lenta, o ruivo girou para fora de seu golpe, evitando o golpe e travou seu braço.

E sorriu...


 ******

A situação não estava favorável para Pandora, assim como todas as outras vezes em sua breve experiência como amazona de Andromeda. Era a única em condições de proteger Hana, Shun e Mihu, que se encontravam no porão da casa, haviam tirado as crianças, mas os dois civis não quiseram sair com a desculpa de serem “amigos” de Hana, a suposta Athena De todos, era a única que não havia estragos com na armadura, e segundo eles, era de confiança. O que era bem irônico.

Ela lembrava que as correntes atacaram golfinho e serpente marinha, mas também lembrava que era eletrocutada pelo cavaleiro-fantasma de Medusa. E ao perceber, estava acorrentada novamente, naquele limbo entre a sua cnsciencia e a da armadura, mas dessa vez Andrômeda estava chorando.

Pandora sabia o que era aquele choro, a manifestação da impotência contra a situação. Saber que não tem forças para superar a adversidade e vai falhar. Aquela culpa que vem da tentativa, se fundo ela sabia que não era capaz. Não sabia, como era a relação dos outros cavaleiros com suas armaduras. No entanto, ela acaba de sentir mais afeição pela sua armadura.

Confiança.

Afeição.

Amizade.

Desde encontrada pelos deuses gêmeos, só havia servidão e trevas em seu coração. Agora, estava em um grupo revolucionário para salvar a real Athena e destronar a falsa. Essa deveria ser sua vida falsa, mas ela parecia muito mais digna do que sua real vida. Que era ser a Alta-Sacedortisa de Hades.

- Andro... me... da. – Sua voz saia sufocada devido as correntes.

- O que você faz aqui? – Andromeda limpava o rosto - Você devia estar la fora, protegendo Athena.

- Nem... você... acre... dita... nisso... – Pandora tem as correntes de pescoço afrouxadas. – Precisamos de mais... Precisamos proteger Hana.

Aquela frase não surpreendeu apenas Andromeda, mas também pa própria Hana. Não havia segundas intenções. Sempre existia um planejamento, uma dúvida em seu coração, mas teve um ar mais de proteção e carinho.

As correntes começaram a se soltar, e Pandora caia em um chão negro como era toda aquela atmosfera era, era de um negro, que parecia desintegrar a existência.

-Aquele era o poder bruto que a manipulou contra Andromeda Negro. – Dizia Andromeda a Pandora. – Você tem mais sinergia com aquilo do que comigo.

Pandora pensou muito, usar um poder que não era seu, sem autorização e sem controle, um poder que poderia lhe destruir. E lembrou que fazia isso com a armadura de Andromeda.

- Usarei esse poder com uma condição para salvar Hana, com uma condição. – A duvida da armadura pairou no ar. – Se eu fugir do controle, me mate.

Andromeda riu de alivio e percebeu que ali estava alguém com o destino de seus portadores. Se sacrificar por um bem maior.

- Sim, e agora você esta agindo como uma amazona de Andromeda.

E ao fundo, Pandora se questionou se era realmente isso...

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